sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Cognitivo e o brincar

Quando se tem uma criança com deficiência motora, a coordenação é o que se torna mais evidente, e assim, nossa maior preocupação se volta para o corpo, e procuramos terapeutas para iniciarem um trabalho de reabilitação com o intuito de ajudar a criança se organizar fisicamente nas atividades diárias e evitar atrofia dos membros.  
E o cognitivo, como que fica?
O cognitivo não deve ser esquecido, se não também atrofia.  A criança comum se desenvolve através da exploração dos objetos e das brincadeiras, e como a criança especial tem dificuldades em fazer isso sozinha, precisa de ajuda para descobrir como brincar.
Com o Victor começamos com brincadeiras de ação e reação, como no boliche, que precisa empurrar a bola para derrubar os pinos.
brinquedo de ação e reação
E com a ajuda de um acionador (caseiro) ele conseguia brincar com aqueles brinquedos que tem um botão pequeno para ligar.

botão convencional on/off, muito difícl para os peq

com o acionador caseiro ele conseguia ligar o brinquedo, porque o botão sendo maior ficava acessível 

E depois ele começou a entender que a comunicação através do olhar funcionava, e começamos as atividades de escolhas.  Apresentávamos dois brinquedos a ele, e com um olhar ele apontava com qual queria brincar. Na montagem de blocos a mesma idéia, ele apontava com o olhar a peça que ele queria, e o ajudávamos na coordenação.
Decidimos tentar o lúdico, iniciando pelas atividades que ele já realizava no dia-a-dia, como se alimentar, deixando ele indicar o que queria fazer. 
brincando de dar comida  à boneca

e tem diversão também

ele olha para a panelinha de comida, depois olha para o beneca

brincando de lava rápido

e mecânico

E assim, de acordo com sua compreensão, fomos aumentando a estória: íamos da casa até o supermercado fazer compras para preparar a comida da boneca.
casinha feita com caixa de sapato

 escolhendo os produtos

 guardando no carrinho com ajuda da mamãe

e agora sozinho
O lúdico é um processo importante para desenvolver o cognitivo e para a utilização da comunicação alternativa, mas eu acho que a criança também precisa se divertir, se não perde o sentido da brincadeira.  Nas primeiras vezes o Victor só queria explorar os brinquedos, depois ele foi entendendo a brincadeira lúdica, mas foram várias tentativas, cada criança tem o seu tempo. Hoje quando ele vê alguma mão alimentando o filho, ele fica todo animado e quer participar também, oferecendo comida à criança.
Agradeço muito a nossa querida fono Andrea (AACD), que tem nos ajudado muito com a comunicação. Depois que aprendemos a se comunicar melhor, tudo ficou mais fácil, o Victor está menos nervoso porque consegue dizer através de expressões e olhares o que quer. Existem vários anjos cruzando nosso caminho, e ela é um deles.  

Toda crinaça tem o direito de brincar muito e se divertir muito!

Um comentário:

  1. Que lindo! Aqui agimos da mesma forma, ao aguçar a percepção da Ação X Reação, ele sente uma enorme alegria, e nós tb! Foi assim que peguei Leo no flagra tentando "tocar" um violão, mesmo com toda sua dificuldade motora. O caminho é esse mesmo, adorei ver Vítor brincando! Coisa mais querida! =)

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